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Creation date | 2015-08-13 10:27:47 | |||
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As sociedades são compostas de indivíduos diferentes que variam em raça, etnia e religião. Hoje existe muita conversa sobre sociedades pluralistas e como a coesão social pode ser promovida nessas sociedades. A abordagem do Islã nessa questão é única. No processo, cria o vínculo mais forte possível.
Antes de entrar em uma descrição do vínculo mais forte, é importante notar que o Islã ataca a principal raiz da desunião social: racismo e preconceito. Podem-se aprovar quantas leis quiser, mas enquanto a doença está enraizada no coração, nunca pode haver verdadeira coesão social. Nada chama mais atenção para esse fato do que os debates em andamento na Europa e EUA sobre imigração. O ódio aos “estrangeiros”, mesmo aqueles que são membros plenos e cidadãos da sociedade, sempre impedirá a verdadeira coesão social.
O Islã varreu essa doença com um versículo que indica onde reside o verdadeiro valor de uma pessoa: Deus disse:
“Ó humanos! Nós vos criamos de um homem e de uma mulher, e vos fizemos como nações e tribos, de modo que vos conheçais uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Verdadeiramente, Deus é Onisciente, Conhecedor.” (Alcorão 49:13)
Assim, raça e etnia não devem ter qualquer efeito em relação à coesão social aos olhos de um muçulmano. Existe, entretanto, uma diferença que o Islã leva em consideração: a diferença de fé e religião. Por essa razão, essa discussão sobre coesão social focará na coesão social no contexto de uma sociedade pluralista com respeito à religião.
Se perguntássemos a muitos hoje qual o vínculo mais forte que pode existir entre as pessoas, a maioria provavelmente responderia algo como relação de sangue, origem étnica, nacionalidade e assim por diante. Na verdade o Alcorão mostra que esses tipos de vínculos não são tão fortes se as bases por trás dele são fracas. No Alcorão Deus dá os exemplos de Caim e Abel, que eram irmãos e ainda assim um matou o outro e também o exemplo dos irmãos de José, que o jogaram em um poço. Eram todos parentes de sangue e, entretanto, colocaram esse mundo acima de sua relação com outros. Isso ocorre hoje em todo o mundo. Os laços entre as pessoas são subservientes aos seus desejos, objetivos e necessidades desse mundo. Muitos indivíduos rápida e facilmente estão dispostos a abrir mão de seu próprio sangue para seguir nesse mundo ou obter algo que queiram nesse mundo.
Tudo isso demonstra uma coisa: quando os laços entre as pessoas são baseados em considerações mundanas, mesmo se forem originalmente ligados pelo sangue, esses laços são deixados de lado quando as considerações mundanas exigem. Sendo assim, não são os laços mais fortes que podem ser construídos entre as pessoas. Os laços mais fortes que podem ser alcançados entre pessoas são os laços do Islã e da verdadeira fé. Esses são laços forjados entre pessoas que resultam unicamente de sua crença em Deus e seu amor por Ele. Isso foi claramente destacado por Deus no Alcorão, quando Deus declarou:
“E foi Quem conciliou os seus corações. E ainda que tivesses despendido tudo quanto há na terra, não terias conseguido conciliar os seus corações; porém, Deus o conseguiu, porque é Poderoso, Prudentíssimo.” (Alcorão 8:63)
Deus também diz:
“E apegai-vos, todos, ao vínculo com Deus e não vos dividais; recorda-vos das mercês de Deus para convosco, porquanto éreis adversários mútuos e Ele conciliou os vossos corações e, mercê de Sua graça, vos convertestes em verdadeiros irmãos; e quando estivestes à beira do abismo infernal, (Deus) dele vos salvou. Assim, Deus vos elucida os Seus versículos, para que vos ilumineis.” (Alcorão 3:103)
O Alcorão e a Sunnah mostram que o vínculo de fé é o mais forte de todos os vínculos. Representa humanos de todo o mundo que se reúnem para somente um propósito: estabelecer a adoração a Deus somente. Para alcançar esse objetivo, os muçulmanos trabalham juntos e se ajudam em compaixão, misericórdia e amor.
Existem na verdade vários textos do Alcorão e hadith que demonstram sem qualquer dúvida que os muçulmanos pertencem a uma fraternidade internacional e universal.[1] Em nome da brevidade, apenas uns poucos exemplos desses textos serão apresentados aqui:
Deus diz:
“Os crentes e as crentes são auliyaa (protetores) uns dos outros; recomendam o bem, proíbem o ilícito, praticam a oração, pagam o zakat, e obedecem a Deus e ao Seu Mensageiro. Deus Se compadecerá deles, porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo.” (Alcorão 9:71)
Outro versículo diz:
“Os crentes são irmãos uns dos outros...” (Alcorão 49:10)
Deus também diz:
“Muhammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele são severos para com os descrentes, porém compassivos entre si.” (Alcorão (48:29)
O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, afirmou:
“O crente em relação a outro crente é como um edifício, uma parte fortalecendo a outra.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)
Outro hadith afirma:
“A parábola dos crentes em relação a seu amor, misericórdia e compaixão por outro é como o corpo: se um dos membros está ferido, todo o restante do corpo sofre com insônia e febre.” (Saheeh Muslim)
Mas essa grande irmandade do Islã não é algo simplesmente teórico. É, de fato, bem definida e apoiada por orientação prática.[2] Tem certos componentes básicos e direitos e obrigações específicos determinados no Alcorão e na Sunnah. Esses direitos e obrigações são devidos a todo muçulmano, de qualquer época e lugar.
Footnotes:
[1] É importante perceber que essa fraternidade é fundada sobre uma crença comum. De fato, relações de sangue chegam ao fim por causa de diferenças na religião. Deus diz sobre Noé e seu filho: “E Noé clamou ao seu Senhor, dizendo: Ó Senhor meu, meu filho é da minha família; e Tua promessa é verdadeira, pois Tu és o mais equânime dos juízes! Respondeu-lhe: Ó Noé, em verdade ele não é da tua família, porque sua conduta é injusta;” (Alcorão 11:45-46). Assim, não-muçulmanos ficam de fora dessa fraternidade. São mais do que bem-vindos a se unirem a essa fraternidade abraçando o Islã, já que essa fraternidade não é baseada em raça, etnia ou nacionalidade. De outra forma, por sua própria escolha de religião e crença optaram por permanecer fora dessa fraternidade. Como será discutido mais adiante, o muçulmano tem obrigações em relação a esses não-muçulmanos.
[2] É uma grande bênção que no Islã se encontre ensinamentos detalhados que resultam nos objetivos desejados enquanto que, ao mesmo tempo, são extremamente práticos e consistentes com a natureza humana. A falta desses ensinamentos é um dos grandes dilemas enfrentados pelo Cristianismo. Com relação à coesão social, os grandes ensinamentos encontrados no Novo Testamento são conhecidos como os “ditos duros” de Jesus. São os seguintes: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:38-48). (Note que os muçulmanos estão bem cientes do fato de que as palavras de Jesus não foram preservadas de forma adequada e, consequentemente, ninguém pode argumentar que verdadeiramente essas foram suas palavras). Os próprios sábios cristãos estão perplexos. Como ensinamentos tão obviamente impossíveis ou impraticáveis podem ser aplicados? Apenas um exemplo de uma discussão dessas palavras será suficiente para mostrar o quão desconcertantes elas são: “[Para interpretar essas palavras o modelo apresentado por Joaquim Jeremias é simples, representativo e de influência contínua. De acordo com esse modelo, o sermão geralmente é visto em uma das três maneiras: (1) como um código perfeccionista, totalmente de acordo com o legalismo do Judaísmo rabínico; (2) como um ideal impossível, para levar o crente primeiro ao desespero e então a confiar na misericórdia de Deus, ou (3) como uma “ética interina”, para uma expectativa de um breve período de tempo de espera no fim dos tempos e que é agora obsoleto. Jeremias acrescenta sua própria quarta tese: o sermão é uma descrição indicativa da vida inicial no reino de Deus, que pressupõe como sua condição de possibilidade a experiência de conversão. Esquematizações mais complexas ou abrangentes foram oferecidas, mas a maioria dos intérpretes podem ser entendidos em relação às opções apresentadas por Jeremias.” Lisa Sowle Cahill, Love Your Enemies: Discipleship, Pacifism, and Just War Theory (Ame Seus Inimigos: Discipulado, Pacifismo e Teoria da Guerra Justa, em tradução livre) (Minneapolis, MN: Fortress Press, 1994), p. 27.