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Knowing Allah
  
  

   

"Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos." (Alcorão 30:21)


Amor e misericórdia entre seus corações é uma maneira bonita de descrever uma relação tranquila entre um homem e uma mulher. O casamento é um contrato sagrado, feito não entre um homem e uma mulher, mas entre um casal e Deus. É uma relação em que direitos e responsabilidades são claros e o propósito é agradar a Deus se empenhando para assegurar um lugar no paraíso.  Assim como as mães são capazes de exercer grande influência sobre seus filhos, as esposas também são capazes de influenciar seus maridos. Grandes mulheres que amam a Deus acima de tudo são uma misericórdia e seus maridos geralmente são grandes homens devido ao apoio inabalável que recebem de suas esposas.


O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse: "Os melhores dentre vós são os melhores para suas esposas." [1] Por que ele deixou isso claro em várias ocasiões? Possivelmente porque uma parceria baseada no amor e misericórdia só pode ser bem-sucedida, enquanto que uma relação baseada na dominação e desconfiança raramente tem sucesso, excesso em dores de cabeça e tristezas. Outra razão pode ser devido ao fato de que na Arábia pré-islâmica as mulheres eram tão desvalorizadas que as meninas eram enterradas vivas e as mulheres eram propriedade, como o gado.


Um dos maiores modelos para as mulheres, particularmente esposas, nasceu nesse tempo de ignorância e ainda assim foi capaz de ficar acima da discriminação ao seu redor e ter um dos casamentos mais bem sucedidos da história. Foi Khadija, a primeira e, por 25 anos, única esposa do profeta Muhammad. O que sabemos sobre Khadija que fez dela uma esposa fantástica e um exemplo incrível?   Por que consideramos Khadija, a filha de Khuwaylid, uma grande mulher ao lado de um grande homem?


"Maria, a filha de Imran, foi a melhor entre as mulheres (do mundo de seu tempo) e Khadija é a melhor entre as mulheres (dessa nação)." [2]  

Khadija tinha 40 anos e tinha enviuvado duas vezes quando se casou com Muhammad, com 25, que até aquele estágio não tinha recebido a missão profética. Ela era uma mulher de negócios bem-sucedida, rica e com uma reputação de lidar com deficientes, órfãos, viúvas e pobres com bondade e compaixão. Assim como o profeta Muhammad era conhecido como Al-Amin - o confiável - Khadija era conhecida como At-Tahira, a pura. Khadija ficou impressionada pela honestidade de Muhammad quando o empregou para negociar por ela na Síria e no retorno dele a Meca ela desafiou as convenções de sua época e propôs casamento a ele. Muhammad aceitou ansiosa e prontamente.


O Islã ensina que uma mulher deve sempre demonstrar ternura e cuidado por seu marido. Khadija amou e apoiou o profeta Muhammad durante os anos difíceis do estabelecimento do Islã. No espírito de parceria e companheirismo inerentes em um casamento islâmico verdadeiro, grandes homens e mulheres não encontram dificuldade em ajudar uns aos outros. O profeta Muhammad era conhecido por executar muitos dos afazeres domésticos como limpar e remendar roupas. Foi narrado em relação a ele: "Ele costumava manter-se ocupado nos afazeres domésticos e saía quando chegava o horário da oração."[3]


Khadija por seu lado mantinha um lar que era um refúgio dos problemas que Muhammad enfrentava todos os dias.  Também oferecia livremente seu tempo e conhecimento. Apoiava o marido com conselhos e opiniões e geralmente o ajudava de formas práticas. O Profeta Muhammad disse: "Esse mundo é feito de conveniências temporárias e o melhor conforto nesse mundo é uma mulher virtuosa."[4] (Esposa, mãe, filha)


Quando o profeta Muhammad recebeu a primeira revelação do anjo Gabriel, foi uma experiência muito assustadora. Embora fosse um hábito seu passar tempo sozinho em uma caverna meditando e ponderando sobre as maravilhas do universo, não esperava ser visitado por um anjo exigindo que ele, um homem iletrado, lesse. Correu para casa para sua amada esposa assim que pode dizendo "cubra-me, cubra-me!" O profeta Muhammad contou a ela o que tinha acontecido e expressou seu temor. Khadija não o menosprezou nem desacreditou nele. Ao contrário, respondeu ao seu pedido de "cubra-me" e o tranquilizou com palavras amorosas e gentis.


"Deus jamais o abandonaria. Você mantém os laços familiares, fala a verdade, dá dinheiro aos necessitados e aos destituídos, honra seus convidados e ajuda os que estão em dificuldades."[5]


Consequentemente Khadija foi a primeira pessoa a aceitar a mensagem do Islã e ficou ao lado do marido quando família e amigos se voltaram contra ele e planejaram matá-lo. Quando o grupo inicial de muçulmanos cresceu, Khadija deu apoio ao surgimento do Islã com sua riqueza e saúde. Forneceu alimentos, água e remédios para a comunidade banida e boicotada. Embora não estivesse acostumada a privações, Khadija nunca reclamou das más condições que foi forçada a suportar nem reclamou que todo seu dinheiro foi para apoiar o marido e sua missão.


 Khadija foi o exemplo perfeito para esposas em qualquer situação ou século. Um casamento aos olhos de Deus transforma duas pessoas em uma. Elas se amam e se protegem e nunca perdem de vista o que é mais importante. Khadija compreendeu que a vida real e eterna dela com Muhammad seria no paraíso, onde não precisariam de dinheiro nem conforto ou abrigo.


Um dia o anjo Gabriel veio ao profeta Muhammad e disse: "Ó mensageiro de Allah, Khadija está vindo com recipientes contendo comida e água. Quando ela chegar, transmita a ela as saudações de paz vindas de Deus, o Cuidador e Sustenedor, e minhas e dê a ela as boas novas de uma casa de pérolas no paraíso, na qual não há barulho ou trabalho duro."[6]


Khadija morreu pouco depois do fim do banimento, quase certamente como resultado das más condições que suportou. Entretanto, o amor e misericórdia entre o mensageiro de Deus e Khadija continuaram a crescer por meio dos testes e tribulações e nem mesmo a morte quebrou os laços que os uniam. Aisha[7] perguntou ao profeta Muhammad se ela tinha alcançado o mesmo que Khadija em termos de amor do profeta. Ele respondeu: "Ela acreditou em mim quando ninguém mais o fez, aceitou o Islã quando as pessoas me rejeitaram, me ajudou e confortou quando não havia ninguém para me dar a mão."[8]As palavras de Aisha também revelam o amor profundo que é possível entre um homem e uma mulher cujo casamento é baseado em buscar agradar a Deus.

Nunca senti tanto ciúme de uma mulher quanto o que sentia de Khadija. Ela tinha morrido três anos antes de ele se casar comigo. Frequentemente o ouvia fazendo elogios a ela e seu Senhor, o Exaltado e Glorioso, o tinha ordenado dar a ela as boas novas de um palácio de joias no paraíso. E toda vez que ele abatia um carneiro, ele presenteava as amigas dela com a carne[9].

Diz-se que um casamento é metade da religião[10] e isso se torna compreensível e óbvio quando somos capazes de observar um casamento com o do profeta Muhammad e Khadija. Essa grande mulher ficou ao lado de um grande homem quando ele se sentiu perdido, sozinho e preocupado.

 



Notas de rodapé:

[1] At Tirmidhi

[2] Saheeh Al-Bukhari

[3] Saheeh Al-Bukhari

[4]Ibid.

[5]Ibid.

[6] Saheeh Bukhari, Saheeh Muslim

[7] Uma esposa amada do profeta Muhammad com quem ele se casou após a morte de Khadija.

[8] Imam Ahmad

[9] Saheeh Al-Bukhari

[10] Al Bayhaqi




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