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Creation date | 2014-04-06 14:30:50 | |||
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Os “milagres científicos” do Alcorão é um tópico que muitas pessoas falam hoje em dia, uma vez que a pesquisa em muitos ramos continua. A fonte para isso é provavelmente o fato de que existem literalmente centenas de versículos do Alcorão nos quais Deus aponta para diferentes aspectos de sua criação e encoraja os humanos a refletirem e aprenderem com o que estão vendo.
Pouco depois de eu me tornar muçulmano, tomei conhecimento do livro A Bíblia, o Alcorão e a Ciência, de Maurice Bucaille. Em nome da brevidade, desejo compartilhar com vocês as conclusões importantes que ele chegou:
O Alcorão vem depois de duas Revelações que o precederam e não apenas está livre de contradições em suas narrativas, o sinal de várias manipulações humanas encontradas nos Evangelhos, mas fornece uma qualidade própria para aqueles que o examinam objetivamente e à luz da ciência, ou seja, está em completa concordância com dados científicos modernos. O que é mais importante, essas afirmações estão em acordo com a ciência: e é impensável que um homem da época de Muhammad pudesse ter sido o autor delas. O conhecimento científico moderno nos permite compreender certos versículos do Alcorão que, até agora, eram impossíveis de interpretar.
Em vista do nível de conhecimento na época de Muhammad, é inconcebível que muitas das afirmações no Alcorão que estão conectadas com a ciência sejam o trabalho de um homem. É, além disso, perfeitamente legítimo, não apenas considerar o Alcorão como expressão de uma Revelação, mas também conceder-lhe uma posição muito especial, com base na garantia de autenticidade que fornece e a presença nele de afirmações científicas que, quando estudadas hoje, parecem um desafio à explicação em termos humanos.[1]
Em sua discussão do Alcorão, Bucaille enfatiza três pontos importantes:
a) Primeiro, não há nada no Alcorão que contradiga a ciência moderna;
b) segundo, não existe menção de algumas das falsas crenças que as pessoas tinham no tempo do Profeta Muhammad, que Deus o exalte, com relação à criação, o universo e a ciência em geral; e,
c) três, não existe modo do Profeta Muhammad conhecer em seu tempo muitos dos fatos aludidos no Alcorão.
Em nome da brevidade, entretanto, será possível discutir aqui apenas um versículo com alguns detalhes demonstrando os “milagres científicos” do Alcorão.[2]
Ao ler o Alcorão, um tópico que chama a atenção do leitor é a discussão da criação do homem dentro do útero da mãe. Deus diz no Alcorão:
“Criamos o homem de essência de barro. Em seguida, fizemo-lo uma gota de esperma, que inserimos em um lugar seguro. Então, convertemos a gota de esperma em alaqah (sanguessuga, coisa suspensa e coágulo de sangue), então transformamos a alaqah em mudghah (semelhante à substância mastigada)...” (Alcorão 23:12-14)
Essa breve passagem é marcante em sua descrição precisa do processo real e também é livre de todas as teorias e opiniões incorretas que eram prevalentes na época de Muhammad. Como mencionado na tradução, a palavra árabe alaqah pode significar sanguessuga, coisa suspensa ou coágulo de sangue. Na realidade, todos esses termos descrevem o embrião. De fato, em seu estágio inicial, o embrião não apenas se parece fisicamente com uma sanguessuga[3] como também “obtém sua nutrição do sangue da mãe, semelhante à sanguessuga, que se alimenta do sangue de outros.”[4] Alaqah, pode igualmente significar “coisa suspensa,” que também é verdade em relação ao embrião nesse estágio, já que se encontra suspenso no útero da mãe.[5] Finalmente, alaqah pode significar coágulo de sangue. Mais uma vez, a relação com o processo físico real é milagrosa. Ibrahim escreve:
Encontramos que a aparência externa do embrião e seu saco durante o estágio alaqah é semelhante ao de um coágulo de sangue. Isso é devido à presença de quantidades relativamente grandes de sangue presentes no embrião durante esse estágio... Além disso, durante esse estágio o sangue no embrião não circula até o fim da terceira semana. Portanto, o embrião nesse estágio é como um coágulo de sangue.[6]
O versículo afirma que o próximo estágio é o de mudghah ou “substância mastigada.” Também é uma descrição surpreendentemente precisa do próximo estágio embriônico. Nesse estágio, o embrião desenvolve somitas em suas costas e eles “de alguma forma se assemelham a marcas de dentes em uma substância mastigada.”[7]
O tipo de informação descrita acima foi somente “descoberta” e vista pelos humanos depois do desenvolvimento de poderosos microscópios. Ibrahim menciona que Hamm e Leeuwenhoek foram os primeiros a observarem as células do esperma humano, em 1677, devido a um microscópio aperfeiçoado.[8] Isso aconteceu uns 1.000 anos depois da época do Profeta Muhammad, que Deus o exalte.
De fato, os detalhes e a análise dos versículos corânicos relacionados à embriologia são tão notáveis que Keith Moore, Professor Emérito de Anatomia e Biologia Celular da Universidade de Toronto, os incluiu em uma edição especial de seu livro The Developing Human: Clinically Oriented Embryology (O Humano em Desenvolvimento: Embriologia Clinicamente Orientada, em tradução livre).[9] Esse é um trabalho interessante que é composto do livro completo de Moore com inserções descrevendo alguns dos mesmos tópicos do ponto de vista do Alcorão e dos ditos do Profeta. Após discutir tópicos avançados em embriologia – muitos dos quais são resultado de pesquisa nas décadas passadas – páginas foram inseridas descrevendo o que o Alcorão afirmou em relação aos mesmos assuntos. Já imaginaram pegar o melhor livro médico de apenas 200 anos atrás e fazer algo dessa natureza? Seria absurdo e ridículo já que o material do antigo livro seria completamente irrelevante. Entretanto, eles puderam fazer isso com o Alcorão, um livro que nem reivindica ser um livro médico. Claro, ele faz uma reivindicação mais forte: reivindica ser de Deus.
Ao comentar sobre a consistência milagrosa entre as afirmações no Alcorão e o desenvolvimento histórico da embriologia, o Dr. Moore afirmou em 1981: “Foi um grande prazer ajudar a esclarecer afirmações no Alcorão sobre o desenvolvimento humano. Está claro para mim que essas afirmações devem ter chegado a Muhammad vindas de Deus, porque quase todo esse conhecimento não havia sido descoberto até muitos séculos depois. Isso me prova que Muhammad deve ter sido um mensageiro de Deus.”[10]
De fato, o Alcorão aborda muitas ciências além da embriologia, como astronomia, física, geografia, geologia, oceanografia, biologia, botânica, zoologia, medicina e fisiologia.[11] Assim, vários outros cientistas de ramos diversos chegaram a conclusões semelhantes em relação ao Alcorão.[12]
Como esse homem iletrado de quatorze séculos atrás, o Profeta Muhammad, poderia produzir um livro dessa natureza contendo tantos fatos e detalhes científicos com perfeita precisão? Seria o caso de tudo ser uma coincidência e o Profeta ser um impostor? Pelo menos em minha opinião, as respostas a perguntas como essa estão muito claras. De fato, a reivindicação de que o Alcorão não é uma revelação de Deus se tornou mais e mais difícil de se manter quando se aprende mais sobre o Alcorão.
Incidentalmente, existem outros aspectos milagrosos do Alcorão relacionados à história.. Por exemplo, ao contrário da Bíblia, o Alcorão se refere ao governante do tempo de José como um “rei” e nunca se refere a ele como Faraó, embora aquele termo seja usado na Bíblia na história de José, e o Alcorão use o termo na história de Moisés. Parece, a partir do melhor que se pode determinar hoje, que José viveu entre os reis semitas Hicsos, do Egito, e que esse governante não era de fato um Faraó.[13] O Alcorão deixa claro que o corpo do Faraó do Êxodo seria recuperado e preservado.[14] É considerado que todos os Faraós daquela época foram de fato preservados como múmias, algo que o Profeta não poderia saber naquela época. Isso levou dois pesquisadores a afirmar:
Se o Alcorão Sagrado fosse derivado da Bíblia [como algumas pessoas falsamente alegam, então] os muitos erros bíblicos teriam sido passados para ele. Por que, por exemplo, o Alcorão Sagrado descreve os israelitas como uma pequena nação quando a Bíblia alega que eles eram de 2 a 3 milhões, um número enormemente inflado que nenhum erudito aceitaria?... Por que o Alcorão Sagrado não concorda com a crença bíblica até lógica de que o Faraó foi engolido pelo mar, para ao contrário declarar que o “corpo” do Faraó seria resgatado? E por que o Alcorão Sagrado diria isso sobre o Faraó em particular e não sobre outras pessoas que também foram destruídas por Deus?...[15]
Finalmente, os eruditos muçulmanos mencionaram que o milagre particular dado a cada profeta foi relacionado a questões que mais fascinavam os seus povos. Assim, por exemplo, durante o tempo de Moisés, a magia era muito popular, e um dos seus sinais estava diretamente relacionado à realização dos fracos truques dos humanos. Durante o tempo de Jesus, a medicina era um assunto popular e alguns dos sinais de Jesus incluíram curar o doente, ressuscitar o morto e assim por diante. Os árabes na época eram muito orgulhosos de suas habilidades literárias e o Alcorão é uma obra-prima que não puderam igualar. Entretanto, o Profeta Muhammad não foi enviado apenas para os árabes ou apenas para as pessoas de seu século. Em nossa época a ciência praticamente se tornou um “deus” para substituir o Deus tradicional da tradição judaico-cristã. O milagre do Profeta Muhammad é completamente relevante para o ramo da ciência que cativa tantas pessoas hoje, indicando mais uma vez que o Profeta Muhammad foi verdadeiramente um profeta para toda a humanidade até o Dia do Juízo.
[1] Maurice Bucaille, The Bible, the Quran and Science (A Bíblia, o Alcorão e a Ciência) (Indianápolis, IN: American Trust Publications, 1978), pp. 251-252.
[2] Para mais detalhes referentes aos diferentes estágios do desenvolvimento humano, o leitor interessado também pode consultar Keith L. Moore, Abdul-Majeed A. Zindani e Mustafa A. Ahmed, Quran and Modern Science: Correlation Studies (Alcorão e Ciência Moderna: Estudos de Correlação, em tradução livre) (Bridgeview, IL: Islamic Academy for Scientific Research, 1990), pp. 15-47
[3] Ver I. A. Ibrahim, p. 7, Figura 1.
[4] I. A. Ibrahim, p. 6.
[5] Ver I. A. Ibrahim, p. 7, Figura 2.
[6] Ibrahim, p. 8.
[7] Citado por Ibrahim, p. 8, de Moore e Persaud, The Developing Human (O Humano em Desenvolvimento, em tradução livre) quinta edição, p. 8. Veja também as figuras de Ibrahim na página 9.
[8] Ibrahim, pp. 8-10.
[9] Veja Keith L. Moore [com Abdul-Majeed Azzindani], The Developing Human: Clinically Oriented Embryology [with Islamic Additions: Correlation Studies with Quran and Hadith] (O Humano em Desenvolvimento: Embriologia Clinicamente Orientada [com Adições Islâmicas: Estudos de Correlação com o Alcorão e Hadith] em tradução livre) Jeddah, Arábia Saudita: Dar al-Qiblah for Islamic Literature, 1983, em colaboração com W. B. Saunders Company.
[10] Citado em I. A. Ibrahim, A Brief Illustrated Guide to Understanding Islam (Um Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã, trad. Maria Christina da S. Moreira) (Houston: Darussalam, 1997), p. 10.
[11] Para exemplos com relação a esses ramos diferentes, veja Zakir Naik, “The Quran and Modern Science: Compatible or Incompatible?” (O Alcorão e a Ciência Moderna: Compatível ou Incompatível?”, em tradução livre) www.ahya.org.
[12] Ver I. A. Ibrahim, A Brief Illustrated Guide to Understanding Islam (Um Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã, trad. Maria Christina da S. Moreira) (Houston: Darussalam, 1997), p. 10ff. Esse trabalho, em sua integralidade, está disponível em www.islam-guide.com. Ibrahim analisa e resume as conclusões de Moore e de muitos outros.
[13] Para mais detalhes sobre esse ponto, veja Louay Fatoohi e Shetha al-Dargazelli, History Testifies to the Infallibility of the Quran: Early History of the Children of Israel (História Testemunha a Infalibilidade do Alcorão: História Primitiva dos Filhos de Israel, em tradução livre) (Delhi, Índia: Adam Publishers & Distributors, 1999), pp. 81-93
[14] Deus diz: “Porém, hoje salvamos apenas o teu corpo, para que sirvas de sinal à tua posteridade. Em verdade, há muitos humanos que estão negligenciando os Nossos versículos.” (Yunus 10:92). Para mais sobre esse ponto, veja Fatoohi e al-Dargazelli, pp. 141-145
[15] Fatoohi e al-Dargazelli, pp. 247-248.