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Creation date | 2014-03-08 15:54:53 | |||
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A viagem do profeta e mensageiro, Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, à noite da mesquita sagrada de Meca até a mesquita em Jerusalém foi um milagre concedido a ele por Deus. É a primeira parte de uma noite de admiração e estupefação, que culmina na ascensão do profeta Muhammad através dos céus chegando até a presença de Deus.
“Glorificado seja Aquele que, durante a noite, transportou o Seu servo, tirando-o da Sagrada Mesquita (em Meca) e levando-o à Mesquita de Alacsa (em Jerusalém), cujo recinto bendizemos, para mostrar-lhe alguns dos Nossos sinais[1]. Sabei que Ele é Oniouvinte, o Onividente.” (Alcorão 17:1)
Foi uma viagem física e todos os eventos a serem descritos ocorreram em uma noite.
Essa série de artigos usará a palavra masjid ao invés de sua tradução, mesquita. A razão para isso é que a palavra masjid implica muito mais que a construção reconhecível onde os muçulmanos oram. A palavra masjid vem da raiz “sa-ja-da” que significa “se prostrar” e, consequentemente, uma masjid é qualquer lugar de prostração. O profeta Muhammad nos disse “que a terra foi feita uma masjid para mim.” [2] Essa dádiva de Deus foi dada somente à nação de Muhammad.
Um muçulmano pode orar em qualquer lugar que não seja impuro (com algumas poucas exceções). Existem construções especificamente para oração, mas qualquer lugar em que um muçulmano ore é uma masjid, no sentido literal - um lugar de prostração. O ato da prostração é a parte mais honrada da oração. Quando a testa de um muçulmano toca o solo, ele ou ela está muito próximo de Deus. A oração estabelece a conexão entre o crente e seu Senhor e foi nessa noite milagrosa que as cinco orações diárias foram estabelecidas.
Na história a seguir você aprenderá um pouco mais sobre esse homem chamado Muhammad e entender um pouco sobre porque os muçulmanos o amam. Também descobrirá porque a Masjid al-Aqsa em Jerusalém é uma das três masjids sagradas no Islã. Deus Se refere à Jerusalém no Alcorão como “a vizinhança que abençoamos.” O Domo da Rocha, parte dos arredores da Masjid al-Aqsa, é o símbolo mais reconhecível de Jerusalém e ocupa um lugar especial nos corações de todos os muçulmanos. Nessa viagem que estamos prestes a empreender, você aprenderá por que. Então, vamos viajar através dos tempos para a Arábia do século 7, na cidade de Meca e acompanhar o profeta Muhammad nessa viagem noturna e ascensão.
Aproximadamente dez anos após o profeta Muhammad receber as primeiras revelações do Alcorão, ele sofreu duas grandes perdas. Uma foi a morte de seu tio Abu Talib, o homem que o havia apoiado e amado desde a época em que era um jovem órfão e, apenas dois meses depois, a amada esposa de Muhammad, Khadija, morreu. Esse ano ficou conhecido como o Ano da Tristeza.
Nos anos que se seguiram a esses tristes eventos, os novos muçulmanos, especialmente o profeta Muhammad, foram perseguidos, ridicularizados e abusados. A força e lealdade de seu tio combinado com o amor e compaixão demonstrados a ele por Khadija o ajudavam a se manter forte e a continuar propagando a mensagem em face de grande adversidade. Entretanto, ele agora se sentia sozinho e extremamente dominado por sua tristeza.
Quando alguém verdadeiramente se rende a Deus, as dores e tristezas dessa vida forma parte de um teste de fé e esses testes são sempre seguidos por alívio. No capítulo 94 do Alcorão, chamado O Conforto, Deus assegura ao profeta Muhammad que com cada adversidade vem o alívio e Ele repete isso uma segunda vez com ênfase - com cada adversidade vem o alívio. Depois desse ano extremamente difícil o profeta Muhammad sentiu seu alívio na forma de uma bênção maior, a Viagem Noturna e Ascensão.
“Em verdade, com a adversidade está a facilidade! Certamente, com a adversidade está a facilidade!” (Alcorão 94:4-6)
Embora fosse perigoso e arriscasse um ataque pelos pagãos de Meca, o profeta Muhammad com frequência passava a noite em oração na masjid sagrada em Meca. Nessa noite particular ele estava deitado próximo à Caaba (o cubo negro no meio da masjid) em um estado de sonolência. Um anjo veio e abriu seu peito da garganta até abaixo do estômago. O anjo removeu o coração do profeta Muhammad e o colocou em um vaso de ouro cheio de fé, o coração foi purificado, preenchido (com fé) e devolvido ao seu lugar.[3]
Não foi a primeira vez que um anjo desceu e extraiu o coração de Muhammad. Quando era criança, Muhammad viveu nos desertos da Arábia com uma família adotiva de acordo como era costume, porque o ambiente do deserto era conhecido por ser muito mais saudável e mais adequado para o desenvolvimento do que as cidades. Quando tinha quatro ou cinco anos de idade e brincava nesse deserto com seus jovens amigos, o anjo Gabriel apareceu, removeu o coração de Muhammad e extraiu dele uma parte, referindo-se a ela como “uma parte de Satanás”. O anjo Gabriel lavou o coração com a água de zamzam (o poço de Meca que jorrou para saciar a sede de Ismael) e o devolveu ao seu lugar. As outras crianças correram gritando, pensando que Muhammad estava sendo assassinado, mas quando voltaram com o socorro ele estava sozinho, assustado e pálido, mas com somente uma pequena marca do acontecido.[4]
A missão do profeta Muhammad era guiar toda a humanidade para a adoração do Deus Único, assim cada aspecto de sua vida formou parte do plano de Deus para prepará-lo para essa grande responsabilidade. Quando criança a parte de Satanás foi removida de seu coração e como adulto, prestes a empreender a construção da nação muçulmana, seu coração foi purificado e preenchido com fé pura. A próxima parte dessa noite milagrosa começou.
O profeta Muhammad foi apresentado a um animal branco que ele descreveu como sendo menor que um cavalo, mas maior que um jumento, que ficou conhecido como al-Buraq. Esse animal, ele disse, podia dar uma passada na medida do que podia ver. Com um pulo, al Buraq podia cobrir uma distância incrivelmente vasta.[5] O anjo Gabriel disse ao profeta Muhammad para montar o animal e juntos viajaram mais de 1.200 km para a masjid mais distante - a Masjid al-Aqsa.
O profeta Muhammad foi no lombo de al-Buraq, enquanto a passada do animal alcançava o horizonte e as estrelas brilhavam no céu sobre os desertos da Arábia e além. Deve ter sentido o vento em seu rosto e ciente de seu coração recém-preenchido batendo em seu peito. Imagine que sinais e maravilhas de Deus o profeta Muhammad deve ter visto naquela milagrosa viagem pela noite!