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Creation date | 2015-07-06 11:35:40 | |||
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Guerra. Fome. Sofrimento. Não se passa um dia sem que os noticiários noturnos não relatem histórias horríveis da humanidade em desespero e da miséria mundial. Em um nível mais pessoal, muitos de nós temos sido atingidos pelo sofrimento e depressão em nossas vidas cotidianas. Um ente querido falece. Um problema financeiro. Um cônjuge que trai. Por que então Deus permite que coisas ruins aconteçam a pessoas boas? Essa é uma pergunta com a qual as pessoas de muitas crenças religiosas têm tido dificuldade por centenas de anos. É um dos grandes obstáculos à fé e tem levado um número incontável de pessoas a descrer em Deus.
Os teístas têm tentado conciliar Deus e o mal de várias maneiras. Alguns pagãos afirmaram que Deus odeia o mal, mas não tem poder para impedi-lo. Essa ideia, entretanto, é rejeitada no Alcorão, porque questiona o status de deus como O Onipotente (Al-Azeez), O Todo-Poderoso (Al-Jabbaar), A Fortaleza (Al-Qawiyy), e O Capaz (Al-Qadeeir). Outros clamaram que talvez Deus seja capaz de remover o mal, mas não sabe quando ou onde o mal acontecerá. Essa ideia relega Deus a um bombeiro que só chega à cena do incêndio depois de metade do prédio ter queimado. Essa afirmação também é inaceitável, porque os nomes de Deus no Alcorão incluem O Sapiente (Al-Aalim), O Onividente (Al-Baseer), O Oniouvinte (Al-Samee’) e O Dono e Controlador de Tudo (Al-Maleek). De fato, seria considerado blasfêmia questionar o poder de Deus: se Deus quisesse remover todo o mal nessa terra, nada poderia impedi-Lo.
As religiões politeístas apresentam outra hipótese: Deus é bom, mas existem deuses maléficos que frustram Sua bondade e espalham corrupção nessa terra. Deus está, portanto, preso em uma luta com essas outras deidades. Talvez Satanás seja um contra-deus com quem Deus deve lutar constantemente. Essa ideia - de deuses múltiplos - é categoricamente rejeitada no Alcorão, que chama Deus de O Um (Al-Wahid), O Único (Al-Ahad), O Primeiro (Al-Awwal) e O Último (Al-Akhir). O Alcorão enfatiza que não há deuses além de Deus. O Alcorão diz, por exemplo:
"Vosso Deus e Um só. Não há mais divindade além d’Ele, o Clemente, o Misericordiosíssimo." (Alcorão 2:163)
Com mais de mil versículos nesse sentido, seria impossível acreditar em deidades múltiplas. Ao contrário, só há um único Deus supremo.
Os antigos gnósticos tiveram tanta dificuldade conciliando o mal desse mundo com Deus, que concluíram que o próprio Deus deve ser mal. As pessoas levam essa afirmação adiante argumentam que Deus não pode ser Todo-Poderoso e Amoroso ao mesmo tempo. Se Deus é capaz de remover o mal e não o faz, deve ser o mal. Essa ideia é rejeitada incondicionalmente no Alcorão, que declara que Deus é O Amorosíssimo (Al-Wadood), O Gentilíssimo (Al-Barr) e O Generosíssimo (Al-Kareem). O Alcorão também se refere a Deus como O Misericordiosíssimo (Al-Raheem), O Beneficente (Al-Rahmaan), O Perdoador (Al-Ghaffaar), O Senhor da Graça infinita (Dhul Fadl al-Adtheem) e a Fonte suprema de paz e segurança (Al-Salaam).
Portanto, o Alcorão afirma que Deus é ao mesmo tempo Todo-Poderoso e Amorosíssimo. Então, como essas duas qualidades podem ser conciliadas, dado que o mundo está repleto de mal? A perspectiva islâmica é que Deus faz com que coisas "ruins" aconteçam de modo a alcançar um bem maior. Deus aflige Seus servos com sofrimento para moldá-los no tipo de pessoas que Ele quer que sejam. Por meio do sofrimento os humanos podem desenvolver qualidades duradouras: perseverança e paciência diante de grande adversidade e também maior humildade e mansidão. O mais importante é que o sofrimento faz as pessoas se voltarem para Deus em busca de ajuda e estabelece e diferencia os verdadeiros crentes dos falsos.
Os seres humanos tendem a esquecer de Deus quando prosperam e só lembram-se Dele quando afligidos com sofrimento. O Alcorão dá o exemplo de um barco: quando o barco está navegando suavemente os ocupantes não se lembram de Deus, mas quando o vento ameaça virar o barco, repentinamente os ocupantes lembram-se de orar sinceramente a Deus. O Alcorão diz:
"Vosso Senhor é Quem faz singrar o mar, os navios para que procureis algo da Sua graça, porque Ele é Misericordioso para convosco. E quando, no mar, vos açoita a adversidade, aqueles que invocais além d’Ele desvanecem-se; porém, quando vos salva, conduzindo-vos à terra, negai-Lo, porque é próprio do homem ser ingrato." (Alcorão 17:66-67)
Esse exemplo pode ser aplicado às nossas vidas cotidianas. Uma pessoa pode esquecer-se de Deus quando sua situação financeira está boa, mas se for demitida, de repente estará invocando ajuda de Deus. O profeta Muhammad era pobre quando declarou a mensagem de Deus e os escravos compunham a massa de seus seguidores. Os líderes ricos e prósperos de Meca, por outro lado, continuaram a viver uma vida sem Deus. É bem sabido que as pessoas ricas - como atores, cantores e outras celebridades - levam vidas distantes de Deus. Enquanto isso, os mansos e necessitados se apoiam mais em Deus. Isso significa que o sofrimento não é necessariamente uma coisa ruim e que e prosperidade não é necessariamente uma coisa boa. Deus diz no Alcorão:
"É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará consciência." (Alcorão 2:216)
Tudo isso é parte da psicologia humana: esquecemos-nos de Deus nos bons momentos e lembramos-nos Dele em tempos de dificuldades. Então Deus nos aflige com testes e tribulações para que nos voltemos para Ele e busquemos Sua Graça. Quantas pessoas se voltaram para Deus e foram guiadas para o Islã depois de terem sido afligidas com sofrimento? Um exemplo que vem à mente é do político bem intencionado que pretende fazer o bem, mas que quando chega ao poder o sistema corrompe. Logo ele começa a dar e receber propinas e a viver a vida sem Deus de um político rico, com desperdício e extravagância. Então, de repente Deus faz com que seja preso; ele perde toda a sua riqueza, sua esposa o deixa e ele apodrece na cadeia. Finalmente, depois de ponderar sobre suas perdas e ganhos, ele se volta para Deus. Então, coisas ruins aconteceram a esse homem para que um bem maior pudesse ocorrer. Quando era próspero estava indo em direção ao inferno, mas quando Deus o afligiu com angústia, o homem mudou seu curso. O sofrimento temporário da cadeia com certeza é um preço pequeno a pagar pela bênção eterna no paraíso. Concluindo, vemos que Deus faz coisas ruins acontecerem a pessoas boas para que um bem maior venha a elas em longo prazo.