Under category | Histórias de Novos Muçulmanos | |||
Creation date | 2014-09-11 17:12:45 | |||
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Obviamente a sociedade não consistirá somente de muçulmanos. Além disso, muçulmanos e não-muçulmanos seguem caminhos muito diferentes. A vida de um muçulmano revolve inteiramente em torno da crença adequada em Deus. A atitude de um muçulmano em relação ao outro é determinada pela atitude do outro em relação a Deus. Um muçulmano não pode sentir afinidade e amor completos em relação a alguém que voltou suas costas para Deus, se recusa a se submeter a Deus ou ridiculariza a crença em Deus. Simplesmente não é natural haver amor completo entre essas duas pessoas.[1] Entretanto, mesmo com esse possível sentimento negativo no coração, um muçulmano deve lidar com não-muçulmano com base em princípios justos. Isso se aplica a todos os não-muçulmanos - muitos não-muçulmanos não são antagonistas em relação aos muçulmanos enquanto que outros exibem escárnio e ódio claro e inequívoco em relação aos muçulmanos.[2]
Um dos princípios básicos de comportamento em relação a não-muçulmanos não beligerantes é encontrado nos seguintes versículos do Alcorão:
“Deus nada vos proíbe, quanto àqueles que não nos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Deus aprecia os equitativos.” (Alcorão 60:8)
Uma obrigação importante em relação aos descrentes é tratamento adequado e justo. Isso é descrito por um sábio muçulmano bem conhecido, Sheikh ibn Baaz, que disse:
“[o muçulmano] não pode cometer injustiça com outra pessoa em relação à sua vida, bens ou honra. Se o não-muçulmano for um cidadão do estado islâmico ou obteve outra proteção. Ele deve observar os direitos do outro. Não pode injustiçá-lo em relação a seus bens roubando-o, enganando-o ou trapaceando-o. Não pode feri-lo ou matá-lo. Sua proteção do estado garante sua segurança em relação a essas coisas.”[3]
Um muçulmano pode interagir com não-muçulmanos comprando, vendendo ou alugando deles, por exemplo.[4] Mesmo a nível social pode haver interação, como se reunir para refeições e coisas do gênero. Entretanto essas interações serão, por natureza, limitadas devido a diferenças em costumes e práticas sociais. Talvez possamos dizer que o objetivo final do muçulmano em suas relações com não-muçulmanos é trazê-los para o Islã, abrindo assim a porta para que haja uma relação completa de amor e fraternidade entre eles. Mesmo que o não-muçulmano seja antagonista e indelicado, o muçulmano sabe que deve repelir esse mal com bondade. Deus diz:
“Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui (ó Muhammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo!” (Alcorão 41:34)
Em resumo, como ibn Baaz escreveu:
“É obrigatório para os muçulmanos lidar com os descrentes de uma maneira islâmica adotando comportamento adequado, desde que eles não estejam combatendo os muçulmanos. Deve-se cumprir o acordado, não se deve enganá-los, traí-los e nem mentir para eles. Se houver uma discussão ou debate entre eles, deve-se argumentar da melhor maneira e ser justo nas disputas.” Isso é em obediência ao mandamento de Deus:
“E não disputeis com os adeptos do Livro (judeus e cristãos), senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles.” (Alcorão 29:46)
É sancionado para o muçulmano convidá-los para o bem, aconselhá-los e ser paciente com eles e, ao mesmo tempo, ser educado e um vizinho prestativo. Isso porque Deus declarou:
“Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação e dialoga com eles de maneira benevolente.” (Alcorão 16:125)
Deus também disse:
“...falai ao próximo com doçura;...” (Alcorão 2:83)[5]
Quando um muçulmano aceita viver em certa sociedade, ele está, em essência, fazendo um pacto com o país de que cumprirá as leis daquele estado. Não tem o direito de violar as leis daquele estado simplesmente porque é muçulmano e o estado não é um estado islâmico. Assim, todos os princípios de comportamento adequado descritos nesse capítulo se aplicam a um muçulmano onde quer que esteja vivendo. Na maioria dos países hoje, muitas coisas consideradas legais são proibidas para um muçulmano. Essas coisas legais um muçulmano simplesmente evita. Também deve exigir direitos legais para se assegurar que não seja forçado a fazer nada proibido no Islã. No geral, entretanto, deve estar entre os cidadãos cumpridores da lei.
Além disso, um muçulmano deve ser um fator positivo para qualquer sociedade em que esteja vivendo. Deve ser um cidadão modelo de muitas maneiras. Como descrito anteriormente, deve ser um bom vizinho. Tem a obrigação de encorajar o que é bom e impedir o mal onde quer que esteja vivendo. Além disso, deve evitar e se opor ao que a maioria das sociedades vê como os maiores crimes, como assassinato, roubo, extorsão e assim por diante. Ademais, deve se manter longe do álcool ou uso de drogas, não sobrecarregando a sociedade como um todo com sua fraqueza pessoal e vícios. Finalmente, deve ser justo em sua conduta com os outros membros da sociedade.
O Islã reconhece o fato de que é natural para um indivíduo amar seu país e ter afinidade com a terra na qual cresceu. Quando os muçulmanos foram forçados a migrar de Meca, que estava sob controle dos politeístas, muitos deles expressaram seu amor por Meca. Sendo assim, é natural para os muçulmanos desenvolverem amor pela terra na qual estejam, mesmo que o país não seja um estado islâmico. Também é natural para os muçulmanos desejarem o melhor para sua terra natal. Mas, infelizmente, sua idéia do que é o melhor pode não ser compartilhada ou apreciada por outros. Por exemplo, os muçulmanos podem desejar ver o fim do jogo, prostituição e pornografia. Os muçulmanos acreditam que é o melhor para todas as pessoas envolvidas, muçulmanos e não-muçulmanos também. Entretanto, muitos não-muçulmanos não compartilharão desse sentimento. Aí reside o X do problema. Teoricamente falando, entretanto, em sociedades contemporâneas “livres”, isso não deve ser um problema. Os muçulmanos devem ser capazes de se aterem aos seus valores e costumes - sem prejudicar outros - enquanto os outros seguem a cultura dominante em terras não-muçulmanas. Se os países “livres” não estão dispostos a dar isso aos muçulmanos, significa que não estão dispostos a viver de acordo com seus próprios ideais. Não é que os muçulmanos estejam tentando prejudicá-los. Estão simplesmente tentando ser bons cidadãos apesar de viverem um estilo de vida diferente da cultura dominante.
Mesmo em sociedades pluralistas os ensinamentos islâmicos contribuem para a coesão social. Primeiro, o maior empecilho a essa coesão, racismo e preconceito, é removido. Segundo, um amor e vínculo fortes são criados entre os de crença islâmica. Terceiro, instruções claras e decisivas de comportamento justo e adequado são dados para tratamento com aqueles fora do vínculo de fé. Quarto, o muçulmano entende sua responsabilidade em relação aqueles ao seu redor e, dessa forma, contribui para o bem de todos, aumentando ainda mais os bons sentimentos e coesão dentro da sociedade.
[1] Esse fato é verdade para os secularistas também. Muitos no lado esquerdo da escala política sentem verdadeiro escárnio e inimizade em relação aos da direita e vice-versa.
[2] Existem momentos em que estados islâmicos podem entrar em Guerra com estados não islâmicos. Essas condições de beligerância não são incomuns na história da humanidade e não implicam necessariamente na impossibilidade de alguma cooperação no futuro. De fato, estados europeus constantemente se combateram, às vezes por centenas de anos, e ainda assim hoje todos pertencem à União Européia. Um estado de beligerância afetará a relação entre esses muçulmanos e não-muçulmanos. Entretanto, esse não é o caso normal no mundo hoje. Assim, uma discussão daqueles casos está além do escopo desse trabalho.
[3] Ali Abu Lauz, compilador, Answers to Common Questions from New Muslims (Respostas a Perguntas
Comuns dos Novos Muçulmanos, em tradução livre) (Ann Arbor, MI: IANA, 1995), p. 30.
[4] Questões referentes aos parentes ou vizinhos não-muçulmanos já foram mencionadas.
[5] Ali Abu Lauz, Answers (Respostas), p. 42.