Under category | Sua Biografia | |||
Creation date | 2014-01-25 14:33:02 | |||
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Eles vieram de Yathrib realizar a peregrinação (Hajj), uma cidade há mais de trezentos quilômetros de distância, que desde então se tornou a mundialmente famosa al-Medina, “a Cidade” por excelência. Yathrib foi favorecida por sua localização em um oásis agradável, famoso mesmo nos dias de hoje pela excelência de suas tâmaras, mas prejudicada em todas as outras formas. O oásis tinha sido a cena de lutas tribais praticamente incessantes. Judeus combatiam judeus e árabes combatiam árabes; os árabes se aliavam com os judeus e combatiam outros árabes aliados com uma comunidade judaica diferente. Enquanto Meca prosperava, Yathrib vivia em miséria. Precisava de um líder capaz de unir seu povo.
Em Yathrib havia tribos judaicas com rabinos sábios que com frequência falavam aos pagãos de um Profeta que logo chegaria entre os judeus, com quem, quando chegasse, os judeus destruiriam os árabes como as tribos de Aad e Tamude tinham sido destruídas por sua idolatria.
O Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, nessa etapa em seu chamado visitava secretamente tribos diferentes nas cercanias de Meca para transmitir-lhes a mensagem do Islã. Uma vez ao entreouvir um grupo de homens em Aqaba, um local fora de Meca, pediu para se sentar com eles e foi recebido com alegria. Quando os homens da tribo dos Khazraj de Yathrib ouviram o que Muhammad tinha a dizer, o reconheceram como o Profeta que os judeus lhes tinham descrito, e todos os seis homens aceitaram o Islã. Também esperavam que Muhammad, através de sua nova religião, pudesse ser o homem que os uniria com sua tribo irmã, os Aws, uma tribo em Yathrib com quem compartilhavam uma linhagem comum, mas tinham grandes problemas com anos de guerra e animosidade. Determinaram-se a retornar para Yathrib e propagar a religião de Muhammad. Como resultado, não existia nenhuma casa em Yathrib que não tivesse ouvido a mensagem do Islã e na próxima estação de peregrinação, no ano de 621, uma delegação veio de Yathrib com o propósito de encontrar o Profeta.
Essa delegação era composta de doze homens, cinco dos presentes no ano anterior e dois membros dos Aws. Encontraram o Profeta novamente em Aqaba e se comprometeram em seus próprios nomes e nos nomes de suas esposas a não associarem nenhuma criação com Deus (para se tornarem muçulmanos), não roubar, não cometer adultério e não matar seus bebês, mesmo na mais terrível pobreza; e prometeram obedecer a esse homem em todas as coisas justas. Esse foi o Primeiro Pacto de Aqaba. Quando retornaram à Yathrib o Profeta enviou com eles seu primeiro embaixador, Mus’ab ibn ‘Umair, para ensinar aos novos convertidos os rudimentos da fé e propagar a religião para aqueles que ainda não tinham abraçado o Islã.
Mus’ab pregou a mensagem do Islã até que quase toda família em Yathrib tivesse um muçulmano em seu meio, e antes do Hajj do ano seguinte, 622, Mus’ab retornou para o Profeta e lhe deu as boas novas de sua missão, e da bondade e força de Yathrib e seu povo.
Em 622, peregrinos de Yathrib, setenta e cinco deles muçulmanos, entre eles duas mulheres, vieram para realizar o Hajj. Durante a última parte de uma noite, enquanto todos dormiam, os muçulmanos entre os peregrinos de Yathrib secretamente chegaram ao lugar que tinham previamente combinado de encontrar o Profeta, nas rochas de Aqaba, para prestar aliança ao Profeta e convidá-lo para sua cidade. Em Aqaba encontraram o Profeta, e com ele estava seu tio, que continuava um pagão mas defendia seu sobrinho devido a laços de família. Ele falou e alertou os muçulmanos sobre os perigos de sua tarefa, e que era contrária ao seu compromisso se a empreendessem. Outra pessoa dos peregrinos que estava presente nos dois anos anteriores também se levantou e alertou contra o perigo do seu compromisso e sua preparação para executá-lo. Em sua determinação e amor pelo Profeta, juraram defendê-lo com suas próprias vidas, de suas esposas e filhos. Foi então que a Hégira, a emigração para Yathrib, foi decidida.
Ficou conhecido como o Pacto de Guerra, porque envolvia proteger a pessoa do Profeta, através de armas se necessário; e logo após a emigração para Yathrib os versículos corânicos com permissão para guerra em defesa da religião foram revelados. Os versículos são cruciais na história do Islã:
“Ele permitiu (o combate) aos que foram atacados; em verdade, Deus é Poderoso para socorrê-los. São aqueles que foram expulsos injustamente dos seus lares, só porque disseram: Nosso Senhor é Deus! E se Deus não tivesse refreado os instintos malignos de uns em relação aos outros, teriam sido destruídos mosteiros, igrejas, sinagogas e mesquitas, onde o nome de Deus é freqüentemente celebrado. Sabei que Deus secundará quem O secundar, em Sua causa, porque é Forte, Poderosíssimo.” (Alcorão 22:39-40)
Havia chegado um momento decisivo para o Profeta Muhammad, para os muçulmanos e para o mundo. Era destino do Profeta Muhammad, e um aspecto de sua função profética, que demonstrasse as alternativas para os perseguidos e os oprimidos; de um lado, paciência, de outro, o que é chamado pelos cristãos a ‘guerra justa’, mas pela qual, nas palavras de uma revelação corânica posterior – “corrupção certamente cobriria a terra” (Alcorão 2: 251). Por quase treze anos ele e seus seguidores sofreram perseguição, ameaças e insultos sem levantarem a mão para se defenderem. Provaram que isso era humanamente possível. As circunstâncias agora estavam mudando e requeriam uma resposta muito diferente para que a religião do Islã sobrevivesse no mundo. A paz tem suas estações, mas a guerra também, e o muçulmano nunca esquece que todo homem nasce para lutar de uma forma ou de outra, em um nível ou outro, se não fisicamente, então espiritualmente. Aqueles que tentam ignorar esse fato são, mais cedo ou mais tarde, escravizados.
Em pequenos grupos os muçulmanos saíram de Meca e pegaram a estrada para Yathrib. A Hégira (‘emigração’) havia começado.
Para os Coraixitas os limites do aceitável haviam sido ultrapassados. Ter inimigos dentro da cidade era ruim o bastante, mas agora esses inimigos estavam estabelecendo um centro rival ao norte. A morte de Abu Talib havia removido o chefe protetor de Muhammad. Contidos até aqui por princípios herdados de seus antepassados beduínos e pelo temor de causar uma briga sangrenta e problemática, os líderes finalmente decidiram que Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, devia morrer. Abu Jahl propôs um plano simples. Os jovens deviam ser escolhidos de diferentes clãs, cada um dando um golpe mortal, para que o sangue de Muhammad estivesse nas mãos de todos eles. O clã Hashim não poderia exigir vingança de todos os outros clãs.