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Creation date | 2013-12-08 15:48:00 | |||
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A modéstia do profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, era a característica mais proeminente de sua personalidade. Desde muito jovem seu senso de vergonha em uma sociedade aberta dos árabes antes do Islã era notável. Em uma ocasião, após os tesouros terem sido roubados de dentro da Caaba, as pessoas a estavam reconstruindo com um teto que prevenisse os ladrões de entrarem. Muhammad, embora ainda fosse um rapaz, participava. Foi com seu tio, al-Abbas, carregar blocos de pedra. Seu tio lhe disse para colocar seu sarongue[1] ao redor do pescoço para se proteger das bordas afiadas das pedras pesadas.
Enquanto ele se movimentava para atender a esse conselho sensato, foi tomado por uma tonteira e desmaiou. Seus olhos fitaram os céus enquanto estava deitado de costas no chão com seu sarongue folgado, mas que ainda cobria suas partes privadas. Poucos momentos depois ele voltou a si, gritando “minha roupa, minha roupa!”
Rapidamente ele amarrou seu sarongue novamente. Nunca em sua vida alguém fora de sua família veria novamente essa parte do seu corpo, ainda que de relance.
A história acima foi contada por um dos companheiros do profeta, Jabir bin Abdulllah, e mostra o forte senso de vergonha e decência de Muhammad em relação ao seu corpo estava enraizado, mesmo antes da missão profética. Era conhecido por ser mais modesto que uma virgem reclusa antes e depois de receber a revelação de Deus.
Outra história sobre Moisés, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, demonstra que ele era igualmente envergonhado e tímido em relação ao seu próprio corpo como o jovem Muhammad. Nunca apareceu na frente de ninguém sem estar totalmente coberto, o que levou algumas pessoas de seu povo (os filhos de Israel) a menosprezá-lo de forma prejudicial. Diziam: “Ele só cobre seu corpo dessa forma por causa de alguns defeitos em sua pele, lepra ou hérnia escrotal, ou ele tem algum outro defeito.”
Deus quis isentar Moisés do que diziam sobre ele. Um dia, quando Moisés tinha tirado suas roupas e as colocado sobre uma pedra enquanto estava recluso, começou a tomar um banho. Quando terminou o banho foi pegar suas roupas para vesti-las novamente, mas a pedra pegou suas roupas e fugiu. Apesar de sua nudez, Moisés pegou seu cajado e correu atrás da pedra dizendo: “Ó pedra! Devolva minhas roupas!”
Mas a pedra continuou a fugir até que alcançou um grupo de israelitas, onde parou. Foi assim que puderam vê-lo nu, encontrando em sua forma o melhor que Deus havia criado.
Assim Deus o isentou do que o haviam acusado. Moisés, entretanto, estava muito perturbado. Pegou suas roupas e as vestiu rapidamente e então começou a bater na pedra com seu cajado. O profeta do Islã, que narrou a história, jurou que a pedra continuou com alguns traços das pancadas, até hoje; três, quatro ou cinco marcas. É a isso que Deus Se refere em:
“Ó vós que credes! Não sejais como aqueles que injuriaram Moisés, e sabei que Deus o isentou do que diziam, porque era nobre aos Olhos de Deus.” (Alcorão 33:69)
Essa história mostra o quanto Moisés era tímido em relação a expor seu corpo em público. De fato, somente sua raiva de ser privado da barreira entre seu corpo e o mundo o levou a permitir que todo o seu corpo fosse visto, exposição que aconteceu pela vontade de Deus para isentá-lo da calúnia aplicada por seus detratores. Claro, ele não podia culpar Deus por aquela exposição e por isso descontou na pedra – o meio através do qual sua exposição foi engendrada e, portanto, sua inocência foi estabelecida em relação aos que seus detratores alegaram.
O que é respeitável ver entre as pessoas varia, claro. O quanto do corpo de uma mulher pode ser exposto ao marido é diferente do que ela pode expor ao seu irmão, o que por sua vez difere do que pode ser visto por um completo estranho e vice-versa. Isso também é verdade em relação ao que é permissível ver entre pessoas do mesmo sexo. O que um pai, irmão ou filho podem ver um do outro de forma respeitável é diferente do que um homem fora do círculo familiar pode ver, assim como o que uma mãe, filha ou irmã podem ver uma da outra em contraste com uma mulher estranha.
Uma vez, quando o profeta foi ao jardim, pediu a seu companheiro Abu Musa al-Asharee para guardar o portão. No jardim havia um poço e ele se sentou em seu muro balançando suas pernas dentro dele. Depois de um tempo, Abu Bakr chegou, querendo entrar no jardim. Abu Musa foi dizer ao profeta que seu sogro queria compartilhar do jardim com ele e então o profeta disse: “Dê a ele as boas novas de que os jardins do paraíso esperam por ele e deixe-o entrar.”
Então Abu Bakr, pai de Aicha, entrou no jardim e se sentou ao lado do profeta, cujo sarongue estava levantado até pouco acima de seus joelhos, e balançou suas pernas no poço com ele. Um pouco depois Umar al-Khattab apareceu. Também queria relaxar no jardim. Novamente Abu Musa pediu permissão ao profeta, informando-o da presença de seu outro sogro no portão. Ele disse: “Dê a ele as boas novas de que os jardins do paraíso esperam por ele e deixe-o entrar.”
Umar, pai de Hafsa, tomou o lugar livre ao lado do profeta e balançou suas pernas na água ao lado dele.
Ambos tinham tido a sensibilidade de se sentar próximo ao profeta e assim o profeta foi capaz de preservar a decência sem ter que cobrir seus joelhos.
Algum tempo depois disso, seu genro, Uthman al-Affan, com quem a filha Ruqayyah tinha se casado, também pediu permissão para entrar no jardim. Quando Abu Musa transmitiu a mensagem ao profeta dizendo: “Os jardins do paraíso o esperam depois de algumas tribulações” e deixou-o entrar, Uthman observou que os únicos espaços livres no muro eram uma das três paredes que o profeta e seus sogros não estavam ocupando, significando que ele poderia ver mais das pernas do profeta do que eles. Como ele hesitou, o profeta puxou seu sarongue para abaixo de seus joelhos e assim Uthman tomou o lugar em frente a ele.[2]
O Islã ensina que existem algumas partes do corpo que não devem ser reveladas em público e quanto mais próximas essas partes forem das partes privadas, mais elas são proibidas de ser reveladas. Embora todos os três homens que se sentaram com ele tivessem laços familiares próximos com ele, razão pela qual seus joelhos podiam ser vistos, o profeta adotou medidas para ocultar suas coxas quando percebeu que ficariam expostas.
[1] Roupa de algodão amarrada na cintura, cobrindo a parte de baixo do corpo até os tornozelos. Usados por homens na Indonésia, Malásia e Tailândia atualmente e usadas pelos homens árabes antes (mas chamado de izar).
[2] Uma lição interpretada dessa história é que constituía um sinal de que seus sogros seriam enterrados ao lado dele quando morressem, mas seu genro seria enterrado e de alguma forma removido, o que de fato aconteceu. (Fath-al-Bari)